Já parou para pensar em como o ambiente de trabalho afeta os colaboradores e em como isso determina o desempenho da empresa? Saiba como e por que investir em qualidade de vida no trabalho.
A qualidade de vida no trabalho está diretamente relacionada a saúde mental dos colaboradores, dessa forma o ambiente de trabalho, físico e psicológico determina a satisfação e o desempenho dos trabalhadores e assim, o desempenho da empresa.
Qualidade de Vida no Trabalho e Saúde Mental
A Qualidade de Vida no Trabalho, também conhecida pela sigla QVT, está associada ao bem-estar físico, psíquico e social no contexto do trabalho e pode ser determinada pelos seguintes fatores:
1 - Satisfação e reconhecimento no trabalho.
2 - Possibilidade de futuro na organização.
3 - Bom relacionamento interpessoal na equipe.
4 - Liberdade de atuação e participação nas tomadas de decisão.
5 - Um bom ambiente físico e psicológico.
A ausência dos fatores que determinam a QVT torna o trabalho fatigante, gerando tensões, transtornos e desiquilíbrios psíquicos. Quando o trabalho assume função fatigante podem surgir doenças como a síndrome geral da adaptação, a síndrome de burnout, depressão e outras.
Estresse e a Síndrome Geral da Adaptação
O estresse é uma reação natural do corpo que nos impulsiona a agir, e não é necessariamente uma coisa ruim. Quando uma situação estressora surge, o corpo é impulsionado a desenvolver uma resposta, seja ela física ou psíquica, e é assim que resolvemos problemas e criamos soluções. Entretanto, um ambiente excessivamente estressor, que exige do colaborador mais do que suas habilidades e recursos competem, podem colocar seu bem-estar em perigo.
Existem três esferas de indicadores que possibilitam a identificação do estresse na empresa:
1 - Psicológica: em que se observa instabilidade emocional; irritabilidade; agressividade; depressão; entre outros.
2 - Social: em que pode acontecer queda no desempenho, acidentes ou faltas.
3- Física: em que podem surgir alergias e úlceras; enxaquecas; disfunções circulatórias e outras.
Mas o que torna um ambiente de trabalho estressante?
Zanelli, um importante autor da medicina do trabalho, destaca alguns fatores que tornam o ambiente de trabalho estressante:
1 - Exigência acima do possível (habilidades e recursos)
2 - Não ter reconhecimento profissional
3 - Não participar das decisões
4 - Longas jornadas de trabalho
5 - Dificuldade em conseguir uma promoção ( não ter um plano de carreira definido)
6 - Pressão do tempo
7 - Falhas e problemas na comunicação
8 - Excesso de burocracia
Um ambiente estressor com a ocorrência de um estímulo estressor intenso, prolongado e constante causa ao indivíduo uma predisposição para desenvolver consequências físicas e psicológicas, ou uma combinação dos dois, que é o caso das doenças psicossomáticas.
Síndrome de Burnout
A síndrome de Burnout é a consequência da exposição prolongada ao estresse, assim, pode desencadear exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal e profissional.
A exaustão emocional implica os sintomas de falta de energia, depressão, raiva, irritabilidade, e maior suscetibilidade para doenças, como dores físicas, cefaleias e distúrbios do sono.
A despersonalização, diz respeito ao distanciamento afetivo e insensibilidade às necessidades dos outros.
Enquanto a baixa realização pessoal e profissional acarreta em um sentimento constante de fracasso, insatisfação e baixa autoestima. A empresa pode adotar as estratégias de combate ao estresse como uma forma de enfrentamento ao burnout
Depressão
A depressão pode se manifestar de várias formas e também pode surgir como um sintoma de outras doenças, apresenta comprometimento do trabalho e deve ser encaminhada a atendimento adequado.
Alguns dos sintomas que se pode identificar são:
- isolamento social, crises de choro, agitação, lentidão ou retardo psicomotor;
- alterações no sono, no apetite e no peso;
- sentimento de tristeza e de culpa, apatia, irritabilidade, fadiga e perda de energia, diminuição na concentração e na capacidade de tomar decisões.
Como investir na QVT ? Papel dos gestores na promoção da saúde mental
Existem estratégias e ações que a empresa pode adotar para melhorar o ambiente de trabalho e assim, combater o estresse, o burnout e suas consequências:
1 - Melhorar o relacionamento interpessoal e a resolução de conflitos;
2 - Rever processos de trabalho permitindo a participação dos colaboradores na tomada de decisão;
3 - Desenvolver comunicação assertiva e feedback eficiente;
4 - Criar planos de carreira e programas de benefícios;
5 - Proporcionar reconhecimento e recompensa profissional;
6 - Disponibilizar flexibilidade nos horários e tempo adequado para descanso;
7 - Adequar assessoria e orçamento de despesas;
8 - Desenvolver metas realistas, respeitando os limites do que cada um pode fazer;
9 - Obter conhecimentos mínimos sobre saúde e transtornos mentais;
10 - Reconhecer a importância de investir em Psicologia Organizacional.
Apesar de algumas dessas ações serem bem simples de se implementar, outras são bem mais complicadas. O gestor pode facilmente se inteirar sobre os transtornos mentais que podem surgir no ambiente de trabalho, o que faz dessa, uma ação bem simples de ser implementada, certo? Mas como o gestor pode melhorar o relacionamento interpessoal de uma equipe, por exemplo? Esse relacionamento ruim é consequência de um conflito? Como descobrir o conflito e como resolvê-lo?
Descobrir qual é o problema que está gerando estresse, e qual a ação necessária para resolvê-lo, demanda tempo e investimento do gestor. Isso pode ser facilmente resolvido com a ajuda de um profissional treinado para diagnosticar problemas e desenvolver ações para solucioná-los.
O Psicólogo Organizacional e a QVT
Há um tempo atrás, se pensava que o psicólogo organizacional, contratado por um empresa, priorizaria as questões da empresa, como lucro e produtividade, sem as devidas considerações à qualidade de vida dos trabalhadores. No entanto, a função do psicólogo se concentra, primordialmente no trabalho equilibrante, no que se diz respeito à satisfação na realização do trabalho, na possibilidade de desenvolvimento e reconhecimento profissional, na gestão de conflitos e facilitação de processos de grupo. Assim, o lucro e a produtividade passam a ser consequência da otimização da qualidade de vida no trabalho.
O psicólogo organizacional pode diagnosticar quais setores precisam de intervenção e quais ações podem ser implementadas para cada tipo de problema identificado, assim, pode evitar ações desnecessárias, economizando tempo e dinheiro. Também facilita o encaminhamento adequado aos colaboradores que estão passando por processos de adoecimento e precisam de acompanhamento psicológico.